" Se você souber olhar as coisas de um jeito mágico... tudo fica mais bonito..." Caio F.
sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013
Pode ir...
A partir de agora. Ficarei três meses sem escutar suas músicas e vou apagar todas as mensagens bonitas do meu telefone. Não que isso te delete também (quem dera), mas é a única forma clichê que arrumei de começar a apagar você. Depois desse ritual bobinho, vou procurar em algum lugar do meu corpo cansado, forças para explicar para o nosso grupo de quinze amigos em comuns, o porquê de você ter resolvido ir. Tentarei de todas as formas não te chamar de covarde, indeciso ou imaturo. É triste, mas inventarei qualquer desculpa. Dizer que você andava muito ocupado, viajava muito, agenda cheia, sabe como é? Todos eles vão sorrir forçado, oferecer um ombro amigo, e eu vou agradecer e sorrir também, exatamente do mesmo jeito que vou continuar agradecendo e sorrindo para tantas outras coisas – mesmo morrendo um pouquinho por dentro. Vai chegar o dia que sua mãe vai me ligar. É esse momento que sempre imagino quando desbloqueio sem motivo meu celular. Ela vai ligar para dizer o quanto ficou triste e que apesar de tudo, ainda sou querida na sua casa. Vai ser bonito escutar isso, vindo de uma senhora tão vivida e bondosa. Mal sabe ela que eu preferia abrir mão de todas essas tradições pós o término e já preencher logo meu coração com outra pessoa. Ela não tem culpa da minha ansiedade e no telefone serei simpática e cordial, como ensinam as regras. Pensando assim, tão apressada, a tola da história sou eu, eu sei. Pouco importo. Só quero uma vida divertida de novo. Aí vai chegar o dia que todas as minhas amigas, preocupadas que eu tenha algum tipo de depressão, vão me obrigar a beber até cair em alguma boate lotada. Essa minha falta de controle da realidade vai me fazer beijar qualquer cara, encher a lata de tequila e terminar a noite mal, socando o travesseiro e sujando todo o meu lençol. Passada a ressaca moral, saber que tenho amigas querendo o meu bem, vai ajudar muito. A felicidade em pequenas coisas vai servir sempre de curativo. Algumas semanas depois, vou dar de cara com você no meio da rua, em uma tarde que esqueci de passar maquiagem ou em uma manhã que você esqueceu de trocar de roupa depois da academia. Vai ser difícil acertar o beijo na bochecha, depois de tanto tempo beijando a sua boca que era tão minha. Mas vai. Tudo vai. A partir de agora é tudo novo, é tudo de novo. A partir de agora, em todo cair de suor e de lágrima, estou ficando cada vez mais leve e expelindo você. Pode ir.
Por: Marcella Brafman
Extraído do Blog: Isabela Freitas
http://www.isabelafreitas.com.br/2013/02/pode-ir.html
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